A professora de História Marília
Ribeiro, docente na Escola Estadual Érico Veríssimo, em Indaiatuba, interior de
São Paulo, inovou a maneira de dar as aulas a alunos com deficiência auditiva
presentes em uma classe do 9° ano do ensino fundamental II, desde Fevereiro
desse ano a mesma passou a utilizar o aplicativo hand talk para facilitar a
comunicação e o aprendizado desses alunos, “devido a não possuir formação em
Libras (Língua Brasileira de Sinais) sentia muita dificuldade em apresentar os
conteúdos e garantir um aprendizado de qualidade para os alunos com surdez,
pesquisando opções na internet e tendo observado que a maioria dos alunos têm
acesso aos smartphones acabei por ter conhecimento do aplicativo Hand Talk e
resolvi testá-lo na sala de aula”, diz Marília, ao ser perguntada sobre o
motivo de optar pelo aplicativo como ferramenta de ensino.
Marília prepara com antecedência os
textos e áudios sobre os conteúdos a serem abordados nas aulas e envia para os
alunos com deficiência auditiva poderem fazer a leitura em Libras no aplicativo
e nos afirma com certa empolgação, “como esses alunos já chegam na sala de aula
tendo feito uma leitura prévia dos conteúdos fica mais fácil para os mesmo
acompanharem a aula e terem uma maior integração com o restante da classe”.
Mas afinal o que é o Hand Talk?, é um
tradutor de bolso gratuito para smartphones e tablets, que converte,
automaticamente, texto e áudio para a língua de sinais, tudo isso comandado
pelo Hugo, um personagem tridimensional que faz a interpretação
simultaneamente, o mesmo foi criado por
Ronaldo Tenório (28), Thadeu Luz (31) e
Carlos Wanderlan (32), três jovens empreendedores de Alagoas com o intuito de
romper a barreira de comunicação entre ouvintes e deficientes auditivos, em
2013 o app foi eleito pela ONU como “O melhor aplicativo de inclusão social do
mundo” em um concurso que contou com 15 mil inscritos.
Voltando à Sala de aula e à professora
Marília, a mesma afirma que “pela familiaridade que os adolescentes (entre 14 e
15 anos) têm com uso dos smartphones a utilização do Hand Talk ajudou a
promover uma maior integração dos alunos surdos com seus colegas de classe
(ouvintes) e que muitos alunos ouvintes passaram a se interessar pelo
conhecimento da língua de sinais, inclusive instalando o app para facilitar a
comunicação com os colegas deficientes auditivos”. Acompanhei uma aula que
Marília deu sobre a civilização grega e pude comprovar o bom entendimento que
os alunos surdos tiveram do assunto em questão, um dos alunos, David (15 anos)
já tinha 2 questões anotadas que trouxe de casa para perguntar à professora ao
final da explicação, outra aluna, Bruna (14 anos) fazia uso constante do
aplicativo para interagir com a colega sentada ao seu lado.
Sobre o rendimento escolar Marília
afirma que “as notas dos alunos com deficiência auditiva aumentou em torno de 2
pontos em média após o início do uso do app, o que demonstra como um problema
de comunicação pode prejudicar o aprendizado de alunos surdos em processo de
inclusão educacional”, sobre as vantagens do uso da tecnologia como ferramenta
educacional Marília cita a familiaridade e facilidade dos jovens em lidar com a
tecnologia e a integração que o uso do app promove entre os alunos, como
desvantagem cita o fato de que por usar o app muitos alunos podem não se
interessar em aprender a linguagem de sinais tradicional.
Ao ter contato com essa nova realidade, o
uso de tecnologias e aplicativos em sala de aula, pude verificar que sendo
usadas com os devidos cuidados essas ferramentas podem ajudar em muito o
aprendizado de alunos com necessidades especiais, pois como afirma Marília ao
final dessa reportagem “ o papel do professor moderno é além de
ensinar,integrar os alunos e a tecnologia está aí, disponível para ser
utilizada nesse processo, basta expandir a visão para novos horizontes no campo
da educação”.
Por – Douglas Corrêa Gomes, RU 1262353
Polo – Indaiatuba

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