Fonte:
Green Bubble Labs (2017)
No dia 20 de julho de
2017, a Escola Estadual “Maria Pires de Assumpção”, em Guarulhos-SP introduziu
em sala de aula um novo recurso tecnológico para alunos diagnosticados com
Transtorno do Espectro de Autismo (TEA). Trata-se do Fala Fácil Autismo, um aplicativo
que facilita a comunicação desses alunos.
Criado pelo
desenvolvedor mexicano Green Bubbles Labs, o software possui versões em
espanhol, português e inglês, podendo ser gratuitas ou pagas, de acordo com a
quantidade de recursos que se deseja utilizar.
Francisco Cubas
Ferreira, diretor da escola, em parceria com a Secretaria Estadual de Educação,
negociou com o desenvolvedor mexicano a licença para utilização, em sala de
aula, da versão paga do software a preço reduzido.
Disponível nas
plataformas IOS, Microsoft e Android, o aplicativo possibilita que autistas não
verbais possam se comunicar em suas necessidades mais básicas, fazendo uso de
tablets, smartphones ou mesmo plataformas de jogos. Parte do acordo com a Green
Bubble estabeleceu que a empresa forneceria os softwares já instalados em 15
minitablets, configurados especialmente para fins educacionais
O Fala Fácil Autismo
possui ambiente simples e intuitivo, adequado às particularidades dos usuários.
Em sua página inicial, o aplicativo apresenta três possibilidades de
comunicação através dos botões “Eu quero”, “Eu estou” e “Eu vou”. Assim, ao
escolher, por exemplo, a opção “Eu estou”, aparecerá opções visuais que
complementem essa afirmação. No caso do usuário escolher a figura de um garoto
doente, o aplicativo emitira uma voz que diz “Eu estou doente”. Desse modo, é
possível ao autista formular um grande número de sentenças.
Munido dessa ferramenta,
o autista não verbal pode interagir não apenas no ambiente escolar, mas também
em diversos contextos sociais.
Além do aspecto de
facilitador da comunicação, a utilização de imagens, e suas respectivas
relações com os sons, pode ser um recurso didático em si, na medida em que o
autista se apropria de elementos da linguagem visual como instrumento de
construção de suas vivências.
A jornalista e escritora
Andrea Werner é mãe de Theo, diagnosticado como autista. Ela conta, em seu blog
Lagarta Vira Pupa, da eficácia das imagens no ambiente e na rotina da criança
autista. Para Andreia, a linguagem visual é aprendida de forma mais natural
pelo autista e pode ser considerada a sua principal forma de comunicação.
A professora catarinense
Kátia Medeiros Corrêa Gestaldi, em seu livro “Além da sala de aula” (Clube de
Autores, 2016) afirma que “As crianças com autismo aprendem melhor com a ajuda
de recursos visuais, como cubos ou cartões e imagem. Utilizar a linguagem
visual é de grande importância para crianças com autismo”.
Nesse sentido, a
tecnologia possui um grande potencial que ainda pode ser explorado, seja nos
softwares denominados Tap And Talk, como o Fala Fácil Autismo, focados na
comunicação da criança autista, como também em jogos de aprendizagem baseados
em dispositivos eletrônicos.
A Lei de Diretrizes e
Bases (LDB) e outros dispositivos da legislação brasileira, garantem
expressamente ao autista o acesso à escola e, embora na prática os mecanismos
de inclusão na rede escolar ainda estejam longe da maturidade necessária,
iniciativas como a da Escola Maria Pires de Assumpção demonstram que a
tecnologia pode ser uma importante aliada nesse percurso.
O professor Marcelo Gianinni,
que conheceu e recomendou o software para a direção da escola, salientou que nas
primeiras aulas em que o recurso foi usado houve a necessidade de fazer com que
as crianças experimentassem os equipamentos com liberdade, para conhecerem o
design de seu ambiente visual e se familiarizassem com a novidade. Porém,
Marcelo conta que “eles rapidamente assimilaram os padrões da interface e
perceberam a possibilidade de expressão do dispositivo. Até interagiram de
forma mais rica com os demais alunos”.
Para o diretor Francisco
Cubas Ferreira, o sucesso da experiência sinaliza para além da inclusão desses
alunos especificamente. “É uma prova de que a iniciativa e a predisposição dos
professores, e da estrutura de ensino como um todo, no sentido de conhecer e
utilizar novas ferramentas tecnológicas, pode garantir enormes avanços na
questão da acessibilidade no ambiente escolar”, conclui Francisco.
Por: Roque Pires de Ávila Jr. RU:
1569320
Polo: Indaiatuba-SP

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